Momentos são únicos e possuem uma
seriedade de cerrar os dentes. As palavras também o são, assim como os
momentos. Quando não nos concentramos o suficiente para encará-lo, estes
ou estas passam por debaixo de nossas pernas e lançam-nos uma rasteira.
Para escrever, precisamos de ambos: momentos e palavras, em uma
harmonia sinfônica. Esse entrelaçamento, lembra-me Clarice Lispector ao
se referir à palavra como sua quarta dimensão e de quando, talvez
embaraçadamente, nos diz que "Cada coisa tem um instante-já que também
não é mais. Quero apossar-me do é da coisa"¹. Provavelmente esse é tenha
a ver com aquela intuição-inspiração que nos surge de forma repentina e
se vai ainda mais repentinamente. Todas as vezes que aqui escrevo,
tento apossar-me do é da coisa ou, então, deixar essa coisa rolar como
águas correntes e tornar este verbo ainda mais duradouro e intenso. Não
sei se o faço com maestria para os leitores, mas para mim está
perfeito... pois não saberia fazê-lo diferente, é o meu eu que coloco
por meio de olhares, conhecimentos e sensações cheias ou vazias em meus
momentos e na minha intimidade vocabular.
¹ LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.09.
Lu Rosário
2 comentários:
Ah! Que texto mais lindo! Foi esse que você se inspirou no meu? Realmente, para escrever precisamos do momento e da inspiração, e eu também sempre tento me apossar do é, das coisas! rs
Beijos.
O momento é unica, assim como são unicas as palavras...de cada vez que são ditas.
Beijito.
Postar um comentário