sábado, 19 de maio de 2012

Pluralizar compostos


Pluralizar substantivos compostos não é uma tarefa fácil. Sempre bate aquela dúvida infinita sobre como pronunciar ou escrever tais palavras de forma correta. E o pior é que essas palavras são lindas! As danadas vivem de mãos dadas e, juntas, se ressignificam. Algumas vezes são namoradas, outras apenas grandes aliadas. Assim sendo, impossível não querer tratá-las bem como cavaleiros e damas que são. E é nesse querer bem que nos perdemos e deixamo-nos levar por suas armadilhas. São tantas regras e desprendimentos que, logo, o moralismo das palavras vai por água abaixo. Não que elas deixem de ser decentes, mas a naturalidade das suas atitudes parecem se perder. É um tal de pluralizar que as fazem doer as cadeiras e perderem a postura. Compostos no plural são palavras piriguetando ou amores imperfeitos. Quando elas estão com alianças ou dedos entrelaçados, isto é, quando possuem o hífen, flexionam-se da mesma forma que os substantivos simples, solteiros e desencanados. Nesse rolo entre palavras livres e independentes com aquelas mais presas e sentimentais, pluraliza-se as livres. Estas curtem poesia, liberdade, saudades e um bate papo sem preconceitos. E é por isso que são substantivos, adjetivos e numerais, pois vivem a nomear, qualificar e quantificar. São as loucas de qualquer abismo gramatical. Caso venham ligadas por uma preposição que adora segurar vela, logo o parceiro perde a atração e só a primeira palavra flexiona. Coisa chata, né? Já as redundantes, repetitivas e enjoadas vivem tirando onda porque o parceiro adora uma pluralização. No entanto, existem as exceções, invejadas e libertárias. Com algumas, o parceiro já é normalmente liberal - aceita o que vier. Em outros casos, os leva-e-traz é maior que os seus desejos, então vivem a brigar, mas se amam. As namoradoiras grão, grã e bel vivem a paparicar qualquer substantivo solto, mas nunca mudam sua posição. Para elas, o grito de guerra é "Plural, nunca!". Alguns compostos são especiais tais como os arco-íris, sentem todas as tonalidades de cores e vivem a sonhar. Só que alguns são metidos de dar dó, vivem agarrados como dois pombos na praça central e possuem semelhanças e finalidades para nenhum botar defeito. É... bem que eu disse, pluralizar não é tarefa fácil mesmo! E nesse vai e vem de palavras e substantivos amigáveis, eis que surge o tal do jornal mural, todo metidozinho nas mãos de recentes jornalistas. Mas quando foram pluralizá-lo, erraram e ficaram na dúvida de como fazê-lo, até que uma letrada aparece e diz ser jornais murais, justificando que dois substantivos simples flexionam na formação de um composto. E, assim, os jornais murais seguiram felizes e se exibindo para todos os outros que estavam no clube dos textos.


Lu Rosário



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7 comentários:

Unknown disse...

Hehehe, legal esse texto... gostei! Obrigado pela visita!

bjOs

Anônimo disse...

Legal, Lu! Vc é demais! Peço permissão para utilizá-lo em aula, com a devida referência, é claro.

Bjs...Dárley

Letradinha disse...

Lú,conterrânea rs,vc escreve muito bemmmm.Seu texto é ótimo!!!De repente me ocorreu aquela frase...aquela de que baiano não nasce estréia ...sério rsrs.Olha sou muito simples mas me lembrei dessa frase sabe.Bjos!!!
P.S:Obrigada por ter gostado de minha poesia.

Gaaabi Couto disse...

Adoreei o texto. Por isso que eu amo o amor, além de lindo, combina com tudo. Lindo o texto :D Adorando o blog. Um beijo

Rafael Castellar das Neves disse...

BOA!!! Muito legal, gostei!!

[]s

Rafael
Desce Mais Uma!

Paolla Milnyczul disse...

Otimo texto, gostei muito! Arrasou!

Paolla

Lázara papandrea disse...

um texto sábio, excelente para ser usado em uma aula de português! aplausos para ti!

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