Pluralizar substantivos compostos não é uma tarefa fácil. Sempre bate aquela dúvida infinita sobre como pronunciar ou escrever tais palavras de forma correta. E o pior é que essas palavras são lindas! As danadas vivem de mãos dadas e, juntas, se ressignificam. Algumas vezes são namoradas, outras apenas grandes aliadas. Assim sendo, impossível não querer tratá-las bem como cavaleiros e damas que são. E é nesse querer bem que nos perdemos e deixamo-nos levar por suas armadilhas. São tantas regras e desprendimentos que, logo, o moralismo das palavras vai por água abaixo. Não que elas deixem de ser decentes, mas a naturalidade das suas atitudes parecem se perder. É um tal de pluralizar que as fazem doer as cadeiras e perderem a postura. Compostos no plural são palavras piriguetando ou amores imperfeitos. Quando elas estão com alianças ou dedos entrelaçados, isto é, quando possuem o hífen, flexionam-se da mesma forma que os substantivos simples, solteiros e desencanados. Nesse rolo entre palavras livres e independentes com aquelas mais presas e sentimentais, pluraliza-se as livres. Estas curtem poesia, liberdade, saudades e um bate papo sem preconceitos. E é por isso que são substantivos, adjetivos e numerais, pois vivem a nomear, qualificar e quantificar. São as loucas de qualquer abismo gramatical. Caso venham ligadas por uma preposição que adora segurar vela, logo o parceiro perde a atração e só a primeira palavra flexiona. Coisa chata, né? Já as redundantes, repetitivas e enjoadas vivem tirando onda porque o parceiro adora uma pluralização. No entanto, existem as exceções, invejadas e libertárias. Com algumas, o parceiro já é normalmente liberal - aceita o que vier. Em outros casos, os leva-e-traz é maior que os seus desejos, então vivem a brigar, mas se amam. As namoradoiras grão, grã e bel vivem a paparicar qualquer substantivo solto, mas nunca mudam sua posição. Para elas, o grito de guerra é "Plural, nunca!". Alguns compostos são especiais tais como os arco-íris, sentem todas as tonalidades de cores e vivem a sonhar. Só que alguns são metidos de dar dó, vivem agarrados como dois pombos na praça central e possuem semelhanças e finalidades para nenhum botar defeito. É... bem que eu disse, pluralizar não é tarefa fácil mesmo! E nesse vai e vem de palavras e substantivos amigáveis, eis que surge o tal do jornal mural, todo metidozinho nas mãos de recentes jornalistas. Mas quando foram pluralizá-lo, erraram e ficaram na dúvida de como fazê-lo, até que uma letrada aparece e diz ser jornais murais, justificando que dois substantivos simples flexionam na formação de um composto. E, assim, os jornais murais seguiram felizes e se exibindo para todos os outros que estavam no clube dos textos.
Lu Rosário
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7 comentários:
Hehehe, legal esse texto... gostei! Obrigado pela visita!
bjOs
Legal, Lu! Vc é demais! Peço permissão para utilizá-lo em aula, com a devida referência, é claro.
Bjs...Dárley
Lú,conterrânea rs,vc escreve muito bemmmm.Seu texto é ótimo!!!De repente me ocorreu aquela frase...aquela de que baiano não nasce estréia ...sério rsrs.Olha sou muito simples mas me lembrei dessa frase sabe.Bjos!!!
P.S:Obrigada por ter gostado de minha poesia.
Adoreei o texto. Por isso que eu amo o amor, além de lindo, combina com tudo. Lindo o texto :D Adorando o blog. Um beijo
BOA!!! Muito legal, gostei!!
[]s
Rafael
Desce Mais Uma!
Otimo texto, gostei muito! Arrasou!
Paolla
um texto sábio, excelente para ser usado em uma aula de português! aplausos para ti!
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