Enquanto o Rei dormia em seu luxuoso aposento acompanhado com sua mulher, D. Constança, eu me aproximo lentamente em direção à um quarto no fundo da casa. Segui na direção contrária em que o Rei dormia e ao abrir a porta, de cujo cômodo eu me dirigia, ouvi seu ranger surdo e mudo. Lá estava D. Inês em seu sono que parecia calmo, a janela encostada e o som do vento que batia raivosamente querendo empurrá-la e ganhar ares. Puxei a faca e, como a força e agilidade de um raio, a empunhei naquela mulher tão vívida e que por motivos por mim desconhecidos era tão cobiçada pelo Rei D. Pedro e, também, sua amante preferida. Aquela mulher merecia o inferno assim como eu e o Rei o merecíamos. Na primeira facada, o grito ressou por todo o castelo e o sangue jorrou sobre mim. Foram mais algumas facadas e quando percebi, pessoas entravam no quarto e agarravam-me pelo braço. Fui pego no flagra, não havia como e nem queria negar o crime. A matei e o faria quantas vezes fosse preciso, pois matei por amor. Os servos abriram espaço e o meu Rei entra no quarto, olha-me tristemente, evita ver o corpo e o sangue sobre a cama e condena-me à morte. Ele sabe que o fiz por amor. Fui morto em praça pública bem abaixo da janela onde D. Pedro coloca-se quando quer falar para o povo e em frente à Barbearia Vidigal, cujo barbeiro é nosso cúmplice. Arrancaram-me o coração que, logo depois, foi devorado pelo Rei. E, então, eu passei a habitar dentro dele, passei a ser mais vivo do que nunca enquando o nome de D. Inês tornou-se uma lenda naquele reino.
¹ Esse conto fora escrito no dia 12 de Maio de 2007 para um projeto de extensão chamado Criações e Recriações. Apesar dele não ser tão poético, achei por bem inserí-lo nesta categoria.
Lu Rosário
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5 comentários:
Olá!Boa noite!
Tudo bem?
...Adorei e fiquei interessado pelo mistério e principalmente por desconhecer o dia anterior ao fato ocorrido.
Outro plus foi você ter colocado a imagem bem adequada.
Não lembro de ter lido algo parecido, mas gostei desse seu conto!
Obrigado pelo carinho da visita!
Boa quarta!
beijos com carinho!
Uns matam por amor,
outros se matam...
Conto interessante e bem escrito,
gostei, abraço e obrigado por
passar lá no meu blog =)
Bruno
Adorei esse conto, intenso e intrigante!
Bjos querida amiga
Adoro o jeito como vc escreve!!!
Adorei!
Paolla
Eu adorei! E achei poético sim, matar por amor. Isso é tão recorrente da época né? Principalmente a condenação. Descreveu muito bem flor!
Beijos.
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