quinta-feira, 5 de julho de 2012

Há paixões que são brasileiras!

Jane não entendia nada de futebol. Quando ela dizia nada, era nada mesmo. Quando criança, Jane era dessas meninas que gostavam de se misturar com os meninos para brincar, seja lá do que fosse. Subia em árvore para ver ninho de passarinho, achava a coisa mais linda passarinho novinho esperando a comida no bico. Adorava jabuticabeira porque tinha fruta docinha. Brincava de ver quem nadava mais rápido e até apostava com os meninos. Empinava pipa na praia, tentando seguir a direção do vento. Andava descalça na areia e correndo para não sentir o pé queimar. A infância de Jane, como já entrever, foi em cidade litorânea, pertinho do mar. E, como toda cidade litorânea, ela e a família sempre iam ao clube nos domingos. Lá não havia meninas com quem pudesse brincar, a não ser uma bem mais nova do que ela. E sem contar que brincadeira de menina era um pouco besta e caía na monotonia. Menino brincava divertido porque corria, gritava e se aventurava. Jane, então, todos os domingos jogava bola com os meninos no clube. Salvo eram os domingos em que ela não saía sem um tampão do pé.  Mas não ligava, curtia esses momentos. Jane era sempre a zagueira do time, nunca entendeu bem o sentido de ser zagueira, mas diziam que era ela... então era. Até que o tempo foi passando e as brincadeiras não eram mais essas e nem válidas. Papeava-se muito. E Jane, segundo sua experiência de boa observadora, julgava que o melhor time era o Flamengo e, depois, o Palmeiras. Parou aí: não queria ser a famoso vira folhas. Adultecendo, descobriu que não torcia para time nenhum e que o melhor era só admirar aqueles que torciam para qual time for. Assim, não teria que discutir com ninguém por algo que desconhecia. E quer saber? Jane nunca se interessou em conhecer, a menos que fosse na Copa do Mundo. Esta lhe rendia todos os interesses. Na Copa, ela vestia-se com as cores do Brasil e vibrava doidamente. O clima que contagiava todo o país, a contagia igualmente. Jane até já refletiu o porquê de tanto euforismo em torno disso, mas só chegou a uma conclusão: brasileiro é bicho besta mesmo. E, bestamente, de quatro em quatro anos ela seguia essa tendência nacional. Há paixões que são bem brasileiras e Jane, como toda brasileira, não escapa a isso.


Lu Rosário



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Um comentário:

AZLA disse...

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