Otília se auto intitula carente, dessas carências que só se sabe vivendo. Todas as noites antes de dormir, ela o imagina ao lado. Imagina cafuné, chamego e beijinhos ao pé do ouvido, imagina mãos gelados e pernas cruzadas, assim como também imagina a respiração quente do outro. Otília nunca foi romântica nem sonhadora, mas seus traumas a fragilizaram e a tornaram carente de tudo o que seu mundo não exigia. Lágrimas passaram a ser constantes, dores repetiam sua sinfonia melancólica entre raios e chuvas. Otília não sabia para que espelho olhar, interno ou externo. Nessas dúvidas e nesse sentimento, ela abraçava-se toda noite e dormia como uma criança que desconhece a vida.
Lu Rosário
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3 comentários:
Às vezes, sinto-me como Otília, porém nostálgica, pois já tive e não tenho mais...
Bjoks
otilia foi uma pessoa infeliz, carente, medrosa e sofredora.
E o facto de não ser romântica ou sensível, não ajudou nada e sem saber, ainda sofreu mais.
Não é necessário ser erudito
escrever belas palavras
saber muitas coisas
explicar outras...
Pois o sofrimento apanha todos quantos passam pela frente.
Um analfabeto sofre tanto ou mais,
do que o intelecto que sabe tudo...
O sofrimento não escolhe a gente, nos apanha a cada momento.
Maria Luísa
Maria luísa
Oi Lu,
Tudo bem? Obrigada pela visita no Navegando no Cotidiano.
O seu texto traz de forma íntima a mulher que vive em nós, que cai e levanta, as vezes chora, mas como uma vanguardista se recompõe com o gloss e vai a luta.
Beijos da Lu também.
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