Enquanto os anos passam, eu me esforço ao máximo para
entendê-lo. Minha resposta ao ócio poderia ser simplesmente escolher
entre um dia frio ou um verão arrebatador, mas prefiro descansar na primavera que a brisa calorosamente me oferece e repousar em flores que se abrem sem frescura. Embora eu
pareça ter me perdido nesta vastidão que é o ser, nada passa
despercebido aos olhos. Lembro-me de quando tocávamos campanhias e
saíamos correndo tão rápidos quanto pintinhos na chuva atrás da mãe. Nossas mães gritavam por nós e, então, entrávamos rapidamente dentro de casa como se nada tivesse acontecido. Conforme nossa
idade foi se alongando, menos peripécias fazíamos e mais tolos nos
tornávamos. Foi nesse ponto que voltei ao esforço para compreender o
bendito tempo porque, se não o fizesse, a impressão era a de que ele havia me abocanhado de jeito, sem piedade. À medida que
a minha vida se estabilizava financeiramente, eu ia começando a ter
noção sobre o porquê as pessoas param e largam mão de suas aventuras e
de seus desejos pueris para que a vida venha a lhes fazer sentido, como se
o acomodar-se fosse a melhor forma de viver. E alguns vêem o acômodo
como a melhor forma, a mais simples e prática. Uma simplificação. Não
sabem que aqueles que se focam tanto acabam em desilusões, portanto prefiro viver a sonhar e a buscar entender esse tempo tão louco e também tão mordaz.
Lu Rosário
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2 comentários:
O tempo é um senhor mordaz de fato. Como cantou Caetano: ♪és um senhor tão bonito... ♪ Eu sou fã de ti, Lu Rosário! Beijos literários!
Teu texto além de belo, reflete (e convida a refletir) muitas questões ao redor da existência. Muito bom, Lu! Beijos
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