Pouca vogal. Foto: Rafael Flores/O Rebucetê |
O dia começou como quem queria só um pouquinho de leveza após dias enclaustros. Um encontro esperado, um vinho despretencioso, um lembrar-se do querer ser passado. O dia seguia sem imposição, buscando revelar-se em cada minuto apontado pelo relógio que havíamos interiorizado em horas marcadas e ansiosos compromissos. Refletia e repensava sobre tudo o que nunca mais havia lhe tomado. Assim, nesse dia, ficou séria...bem mais do que quando propôs encontros desecontrados e decepções desveladas. Séria: palavra que a substituia nessa noite que louca procurava se mostrar. Ouvia tantas palavras de Pouca vogal, ouvia-os dizer Por hoje é só/Vou deixar passar a ventania/Talvez amanhã/Vento, vela e velocidade e sentia que aquilo era para sua seriedade, aparentemente sem sentido. Mas eles completavam, em outra canção, dizendo Seja firme seja leve. Então, respirava um pouco para não perdê-la e a noite pedia vez. Vez de dar um tempo e estabelecer novos contatos. Sobre os lençóis, eu me reencontrei e me despi dos sentimentos que timidamente se manifestavam. O sol iria desnudar um outro dia.
"Nunca olhei pros lados
Pra não perder a direção
Nem senti meus passos
Na marcha cega
Encontro uma razão"
[Duca Leindecker/Humberto Gessinger]
Lu Rosário
Esta publicação pertence ao Prosas Poéticas.
Todos os textos publicados em forma de prosa e contada de forma poética
se encontram aqui. Sinta-se à vontade para conhecer os outros textos
concernentes à esta categoria.
3 comentários:
Oi Lú,
Quanta beleza nesse texto.
Fizeste uma construção maravilhosa.
Beijos grandes !
Ótima semana!
Doce mesmo... Cada dia mais, teu fã! Grande beijo!
Sempre muito bom ler-te, Lu! Beijos
Postar um comentário