Beijar, ficar e pá!

Foto: Eliana Prates

Beijar na boca, como eu já disse em postagens anteriores, é uma forma íntima de conhecer alguém. Sentir a saliva do outro e tamanha aproximação é uma forma de conhecê-la além do que os olhos podem ver e do que um simples toque pode sentir. Entretanto, no carnaval, esse pensamento se esvai e beijar na boca passa a ser sinônimo de curtição e "to nem aí". Incorporar o espírito carnavalesco, principalmente na Bahia, é cultivar a ansiedade por esse reconhecimento entre lábios.

O beijo deixa de ser essa marca de intimidade e torna-se um símbolo de liberdade, no qual todos beijam quem quiser. Muitas vezes não é nem necessário olhar direito para o outro, basta  ir em direção à boca e esquecer que o mundo existe por segundos ou rápidos minutos. Depois, ninguém olha mais para ninguém e pronto. Que venham outros. Há pouco tempo, a moda era ficar. Ficar representava encontrar alguém e trocar bons dedos de prosa e, no intervalo da conversa, beijar bastante.

Se possível e a depender da afinidade, o casal ainda se encontrava outras vezes e a possibilidade de resultar em um namoro era grande. Atualmente, quem beija dez diz que ficou com dez, mas que negócio é esse? Beijar é beijar e ficar é ficar. O próprio verbo possui um valor semântico que indica isso e seus significados são bem diferentes. E o pá? Aaaah...esse aí vem sido facilitado nas festas da vida, nas casualidades (digamos assim!). Rolou química, rolou pegada. O cara é gostoso e você não quer perder a bocada? Então abre as pernas e espera o metrô passar... hahahahaha. O sexo tem sido bem mais fácil, a conquista perdeu aquele gostinho. As pessoas, inclusive, não têm mais paciência para joguinhos e a pressa pelo imediato é o que as instiga. Será que é por isso que tem tanta gente solteira, tantas mulheres reclamando e tantos homens vivendo adoidado? Bom pensar! E bom compartilhar o pensamento tanto aqui pelo sempudornenhum@gmail.com.