quinta-feira, 4 de julho de 2013

Saudades, Silmes, de tu!


Sinto saudades: confesso. Saudades das nossas longas conversas virtuais, da sua subjetividade em contraste com meu objetivismo linguístico, do seu sotaque que vez ou outra ouvia, do seu drama imensurável. Sinto muita falta dos seus dramas e exageros, principalmente quando citava "Eu sou mesmo exagerado", de Cazuza. E, nesse exagero, poetizava a vida e declarava-se para mim. Havia amor em suas palavras e em suas atitudes, claramente reveladas por meio das palavras. Lembro-me que suas palavras também eram musicas e, assim, lembrava-se de grandes nomes, como da última vez que me citou Tim Maia com


Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...


Mal sabia ele que todo o mundo o podia ouvir, todo aquele que fazia parte do seu mundo. Sinto saudade da nossa cumplicidade, do nosso despojamento em falar sobre tudo e qualquer coisa. Com ele, eu era sincera ao extremo e ele parecia gostar do meu jeito de ser assim. E a gente tinha vontade de se sentir, sentia dele essa vontade com tamanha intensidade - quase a ultrapassar a tela do computador. E quando ele soube das músicas que eu considerava as melhores para um bom sexo? E quando falávamos da potência de ambos em uma relação como essas?  Havia muito desejo em nossas conversas e muito devaneio. Às vezes ele se sentia chato, mas eu nunca o achava assim. Julgava seu pessimismo desmedido, achava que pessoas tão talentosas não podiam se reprimir. Havia, também, ciúmes disfarçados em nossa amizade que era mais do que real. Ele me julgava uma máquina de escrever, eu o via como um poeta nato e, desse modo, colocávamos fé um no outro. Silmes, diga-me como não sentir falta de tudo isso, de todo você? Eu sem você não tem graça. E nossos encontros? Sempre pensados e queridos reais. Até o nosso silêncio dizia tudo... até o seu silêncio me falava tudo, pelo menos era o que você me dizia. Dizia que eu o conhecia como a palma da mão. Havia sintonia, eu diria isso. 



Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô!...
Meus olhos famintos...devoram toda e qualquer expectativa que vc deixa escapar rs

Essas foram suas falas e são as minhas hoje. Nego, sinto saudades de você. Será que precisarei ir ao Rio de Janeiro para que saibas disso? Quero que nossa amizade volte a se tornar poesia, que nossos desejos voltem à sua latência e que sejamos salientes até nos mínimos detalhes. Nem disse tudo do que gostaria de falar, aqui é só a terça parte dos cem por cento que é você e que somos nós. Saudades: essa é a palavra maior.


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