segunda-feira, 25 de agosto de 2014

De uma vida

http://raenire.tumblr.com/
Enquanto sentia dores pelo corpo, enquanto sabia de notícias de morte ou de alegrias, enquanto via tudo mudar em sua frente, sentia que ela permanecia a mesma. Sentia as mesmas dores, os mesmos calos e vivia as mesmas desavenças de uma vida inteira. Entre todas elas, lutava consigo mesma em uma guerra interminável. Havia em si guerras mundiais e interplanetárias, porém, ninguém percebia. Viam seus olhos escuros a brilhar e sua pele rubra pelo sol que insistia em marcar-lá na pele. Viam seus passos que se queriam longos e sua obstinação por planos mais longos do que se queriam os passos. Só que lá no fundo, dores e desencontros aconteciam sem questioná-la porque já se faziam presentes e fundamentais em sua vida mais ou menos. Como tudo o que fazia era planejado, resolveu planejar também aquele momento: preparou o café, comeu a maior das delícias que era aquele pãozinho mineiro e tomou um banho dos deuses. Com tudo o que tinha direito, aprontou-se para um momento entre cordas e tamborim sob um dia, já previsto, de sol a pino. Ele teria que dourá-la em quaisquer momentos, as nuvens tinham que abençoá-la seja lá em qual ocasião. Não despediu-se, apenas partiu para si com gentilezas próprias. Cansou de se justificar e de encarar as subjetividades alheias. Encarou-se e pronto. Thereza, era este o seu nome.

Nenhum comentário:

Copyright © 2014 | Design e C�digo: Sanyt Design | Tema: Viagem - Blogger | Uso pessoal • voltar ao topo