quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Em nossas leituras, o nosso mundo.


Falar de livros é sempre um prazer, desses que se come lambendo os beiços porque derrete na boca. Minha paixão por eles nunca foi bem alimentada, quer dizer, eu sempre fui de grandes impulsos porque começava a ler Clarice Lispector e queria logo tudo o que dela era escrito - claro que eu tinha que falar logo dela, já que foi minha primeira grande paixão da literatura - identificação à primeira lida, eu diria. Agatha Christie, Sidney Sheldon, Dan Brown,  Machado de Assis e José de Alencar são os nomes que lembram minha fase de querer devorar todas as palavras e de me sentir melhor com cada palavra lida. Poesias? Sempre fui mais de inventar escrever do que ler. Acho que por isso Lispector me surgiu como paixão, pois ela era prosa em ritmo poético: bom demais para meu coração. 

Com isso, meu mundo se abria e eu sentia que a minha imaginação conseguia ir bem mais longe. Eu conseguia abstrair mundos que outras pessoas haviam criado e, assim, eu sentia que a palavra entrelaçamento estava totalmente relacionada a mim. Sim, eu entrelaçava ideias com quem mal sabiam da minha existência. Até que o ingresso na faculdade freou minhas urgências da alma e, em outras doenças não menos urgentes, a palavra foi se distanciando. Na ponta dos dedos, ainda segurávamos firme e tentávamos uma reconciliação entre aulas, discussões e dias que se queriam ensolarados. Contudo, ficou a sequela e nosso querer recíproco se aquietou. Meus pés sentiram a frieza do chão, meu palpitar desacelerou até que, em dias de folia, livros me vieram às mãos, me arrebataram e se foram. Até que, na calada dos novos dia, um certo livro me veio às mãos. Percebi que chegou a hora de voltar à sonhar e de se colocar inteiramente em quem sempre pude confiar: nas palavras que, fixas, dizem tudo de mim e de todos nós. 

Qual o seu relacionamento com a leitura? Ao perguntar-lhe, peço para nos aproximarmos e nos permitirmos compartilhar todo este mundo que vive na gente e que está espalhado pelas estantes por aí. Como diria Lygia Bojunga, "A literatura funciona para nós como um espelho. Quanto mais nos olhamos nele, mais vamos captando revelações sobre nós mesmos".

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