#aftersexselfie

Reprodução/Instagram/Catraca livre

Você já tirou foto com seu parceiro (ou parceira) e colocou nas redes virtuais com a hashtag #aftersexselfie ou #aftersex? E se viu a foto do outro, o que achou? Se surpreendeu ou encarou como algo normal? Hoje em dia, a intimidade parece ter deixado de existir ou ter adquirido outros sentidos. Uma foto como essa, ao lado, apenas apresenta um casal que se gosta, não é? No entanto, mais do que a foto, a hashtag que eles colocam (e que serve como uma legenda) marca o momento dos dois e traz a exposição de que algo mais íntimo aconteceu. Diante disso, eu fico me perguntando quais os limites que há entre o público e o privado na esfera individual. Acredito que a linha é muito tênue e, portanto, difícil definir. A internet parece ter vindo para quebrar tabus, para dar liberdade às diversas vozes, para tirar do dicionário a palavra proibido. Sendo assim, uma nova geração tem surgido dentro desses padrões cujas são frágeis. 

Para um adolescente, nos dias atuais, é totalmente normal colocar fotos de quaisquer momentos, revelar o que fará independente do que seja e por aí vai. Inclusive, para eles é estranho o não compartilhamento de tudo o que diz respeito a sua vida. Afinal de contas, há um público grande que o acompanha e curte tudo o que venha a colocar. A questão, então, passa a ser ainda maior: a mídia vai incidir de modo a torná-lo uma personalidade, cujo reconhecimento aumenta a sua autoestima e lhe proporciona maior inserção e exposição da sua vida pessoal. São os acessos do que circula na rede que vão gerar papo para os encontros reais. Desse modo, a resenha vai emergir do que estará circulando e vai ter continuidade no whatsapp. As novas amizades, na maioria das vezes, parecem surgir dentro desta base. Aqueles que não se sentem inclusos neste novo sistema de relações, acompanham tudo e lançam suas opiniões (como eu..hahaha). 

Além de pessoas que mostram seu carinho, cansaço, satisfação ou seja lá o que for depois da transa, os rostos são o que menos circulam nesse mundão da internet. Fotos de transas completas, de mulheres com pernas abertas e bumbum pra cima, homens com o pau levantado apontando para você na fotografia e toda a nudez, que se possam revelar, estão circulando por aí. Mais do que isso, as pessoas sentem prazer ao visualizar tudo isso - que não é um reflexo da contemporaneidade, mas passou a ser algo mais acessível, tanto para quem se expõe quanto para quem quer apreciar. Diante de tudo isso, volto a interrogar o que seria intimidade no que concerne a possibilidade de outros sentidos que ela possa vir a ter. Segundo Martha Medeiros, "Intimidade é você se sentir tão á vontade com outra pessoa como se estivesse sozinho". Acredito que as pessoas têm se sentido assim, livres de quaisquer constrangimentos, donos de si, passíveis de momentâneas famas. 

Os tempos têm mudado, ninguém tem dúvida disso. Só que minha certeza se consolidou ainda mais quando soube que Nelson Rodrigues disse, em uma entrevista, que "se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém". Fiquei me perguntando: O que ele diria hoje? Aiai...realmente as coisas mudam.