Tertúlia não queria mais do que viver. Viver sem problemas e neuras, sem encheção de saco, sem moralismos, sem dúvidas, sem receios. Tertúlia queria curtir a vida e curtir a vida, para ela, era ser feliz e não ter rotina. Rotinas mastigam, ruminam, enrolam, persistem em dias que parecem não ter fim e que estão sempre em ordem, tais como as letras do alfabeto. Tertúlia queria mais. Ela queria embaralhar tudo e jogar um algo que soasse arriscado, queria formar palavras desconhecidas e lhes dar sentidos, até mesmo ilógicos.. isso não importava. Tertúlia era flor desabrochada, não podia viver no mesmo jardim. Ela andava a ver o mundo, mas os pés tocavam somente com a ponta dos dedos na terra desejada e no céu ensolarado, estrelado e farto. Tertúlia era moça bonita que começava a conhecer a vaidade e precisava, urgentemente, sentir a vida, seja ela como for.
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
[Chico Buarque]
Lu Rosário
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Um comentário:
Ai meu deus, que coisa maisi linda gentchi!
Amei, lindo, maravilhoso, intenso, prosaico.. perfeito!
(PS-catei umas partezinhas).
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